Outro dia fui convidado pelo Duke para falar um pouquinho do ofício de se fazer tiras em um curso que ele está ministrando na Escola de Belas Artes da UFMG. Falei sobre meus personagens (Gronk, Homem Galinha, Sir Manoel...), processo de criação e etc... Num dado momento, falando sobre questões sociais, me lembrei do Diguim, o figura aí de cima. Ele foi publicado no Estado de Minas durante um curto período e acho que cumpriu bem seu papel durante o tempo em que "deu as caras" na mídia impressa. Ainda tenho vontade de publicar tiras abordando temas sociais e acho que isso é necessário, mas por enquanto estou sem espaço para tal empreitada.
A tira acima ( em que Diguim dá um tiro pra cima e "derruba" o Edu) gerou um certo “mal-estar”... Na época a Chantal ficou meio puta e passados quase dez anos que não nos víamos , a primeira coisa que ela fez quando nos deparamos no ano passado no FIQ, foi me apontar um boneco enorme do Edu e dizer:
- Olha o Edu que vc matou, Alves... Ele continua aí, vivo.
Acho que a Chantal não entendeu bem. Não se tratava de matar o Edu pura e simplesmente, mas atacar o ideário contido em suas tiras. Sim, o Edu continua vivo. Não posso dizer o mesmo do Diguim que, como os meninos de rua da vida real, teve uma vida curta - não durou muito... Na época, minha tira ficava logo abaixo da tira "Juventude" e não pude perder a oportunidade de mostrar que existia uma “juventude” além daquela retratada por ela em suas tiras... Para mim, seus personagens ilustravam bem o ideário e o modo de vida de uma elite que ignorava e ignora as mazelas sociais brasileiras, vendo a culpa da miséria no prórpio povo miserável. Por isso dei este "cutucão" no Edu... Ré,ré! Mas acho que se fosse hoje eu não faria a tira assim, tão radical e violenta. Buscaria um diálogo/encontro entre o mundo dos meninos ricos retratado pela Chantal e a plebe suja, miserável e esperançosa...Isso se o Diguim e sua turma fossem liberados para subir pelo elevador social é claro...
- Olha o Edu que vc matou, Alves... Ele continua aí, vivo.
Acho que a Chantal não entendeu bem. Não se tratava de matar o Edu pura e simplesmente, mas atacar o ideário contido em suas tiras. Sim, o Edu continua vivo. Não posso dizer o mesmo do Diguim que, como os meninos de rua da vida real, teve uma vida curta - não durou muito... Na época, minha tira ficava logo abaixo da tira "Juventude" e não pude perder a oportunidade de mostrar que existia uma “juventude” além daquela retratada por ela em suas tiras... Para mim, seus personagens ilustravam bem o ideário e o modo de vida de uma elite que ignorava e ignora as mazelas sociais brasileiras, vendo a culpa da miséria no prórpio povo miserável. Por isso dei este "cutucão" no Edu... Ré,ré! Mas acho que se fosse hoje eu não faria a tira assim, tão radical e violenta. Buscaria um diálogo/encontro entre o mundo dos meninos ricos retratado pela Chantal e a plebe suja, miserável e esperançosa...Isso se o Diguim e sua turma fossem liberados para subir pelo elevador social é claro...
2 comments:
Alves, meu amigo. Não sabia que vc era um assassino. Dei boas gargalhadas com essa história sua com a Chantal. Parabéns pelos prêmios e obrigado pela visita.
Lelis
Estou cumprindo pena em liberdade agora... Tudo por causa do bom comportamento. Ré,ré!
Valeu pela visita tb, Lélis!
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